A Psicoterapia Cognitivo-Comportamental como mais-valia para a intervenção em contextos de saúde.

A intervenção psicológica é um instrumento que tem ganho relevância no contexto de saúde desde os cuidados de saúde primários aos cuidados hospitalares. Os dados revelam maior necessidade e procura de acompanhamento psicológico, face aos desafios exacerbados que enfrentamos. No entanto, diferentes condições clínicas apresentam diferentes exigências e desafios para o doente e a sua família, levando a uma maior necessidade em falar de acompanhamento psicólogico e desmistificar o papel fundamental que representa na saúde e doença de cada um.

No que diz respeito às questões de saúde e doença, a intervenção privilegiada para a maioria das doenças crónicas é a psicoterapia cognitivo-comportamental (White, 2002 citado por Pires, 2009). Por um lado, permite a identificação de crenças e comportamentos promotores de um comportamento saudável e, por outro, a modificação das crenças e comportamentos identificados como desadaptativas com vista à prevenção ou tratamento da doença (Pires, 2019).

No âmbito das doenças crónicas vários autores defendem a eficácia da psicoterapia cognitivo-comportamental relativamente ao bem-estar psicológico e à qualidade de vida do doente, nomeadamente:

– Em doenças como o cancro (Greer et al., 2012; Stagl et al, 2015 como citado por Pires, 2019);

– Doenças cardiovasculares (Irvine et al., 2010, como ciatdo por Pires, 2019);

– Diabetes (Gonzalez et al., 2010 como citado por Pires, 2019);

– Infeção por HIV/SIDA (Newcomb et al., 2015 como citado por Pires);

– Lombalgias (Lambe et al., 2010 como citado por Pires, 2019);

– Na prevenção do desenvolvimento de dor crónica numa lesão aguda (Sage, Sowden, Chorlton & Edeleanu, 2008, como citado por Pires, 2019).

De forma a sintetizar alguns destes dados, Taylor (2006) elencou alguns benefícios da psicoterapia cognitivo-comportamental em contextos de saúde, atuando fundamentalmente sobres os cuidados de saúde que focam o doente como o principal interveniente na forma como lida e decide sobre a sua doença. Com recurso a esta intervenção verifica-se uma melhoria da adesão aos tratamentos e no acesso a recursos sociais, económicos e físicos no âmbito dos cuidados de saúde e promove apoio emocional que permite a expressão e regulação emocional aquando do diagnóstico.

Através do aumento da literacia em saúde, aumenta-se o conhecimento do doente, permitindo uma tomada de decisão informada sobre as suas opções terapêuticas, assim como o orienta para assumir a responsabilidade pelos seus cuidados de saúde, não delegando essa responsabilidade inteiramente nos profissionais e promove um sentimento de controlo percebido sobre os sintomas e estado de saúde.

Quanto ao impacto direto na saúde do doente, encontra-se a prevenção e/ou redução de comportamentos nocivos ao bem-estar, como fumar, sedentarismo e consumo de substâncias psicoativas, por exemplo. Através das estratégias de gestão de stress promove-se a melhoria do sistema imunitário e, consequentemente, do estado de saúde em geral e, por último, permite a redução de custos totais no que diz respeito às queixas psicossomáticas, utilização excessiva de medicação e recurso excessivo a cuidados de saúde (Taylor, 2006 citado por Pires, 2019). Em suma, devemos reter que a psicoterapia cognitivo-comportamental no que concerne à promoção de saúde e intervenção em contexto de doença promove saúde, através da prevenção de doença ou adaptação à mesma, assim como aos processos de tratamento e/ou reabilitação. Desta forma, torna-se fundamental o recurso a estas ferramentas e estratégias, sendo fulcral o acompanhamento de um profissional especializado que guie o cliente de acordo com os objetivos estabelecidos.

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