As (in)certezas de tudo

Tenho reparado que cada vez um maior número de pessoas tem saído todos os dias de casa com coletes salva-vidas por cima da roupa com uma cada vez maior urgência e necessidade em se ter certezas de e para tudo: “para onde se vai”, “se se deve mudar de carreira”, “se deve viajar sozinho/a ou acompanhado/a”, “se é esta a pessoa para a minha vida”, “se devo ser pai ou mãe”, “se a foto que eu tirei é a melhor para partilhar nas redes sociais”, etc., etc. É curioso como com a certeza vêm expectativas de tranquilidade, segurança e paz, não é?


Mas, se se removerem as camadas à cebola deste conceito, percebe-se que a certeza traz precisamente o contrário: medo, insegurança e inquietação. Se não, veja-se: de repente na GRANDE certeza descobre que afinal… “UPS… Não era por aqui!”. O que será que vem depois desta realização? Certamente um grande choque de realidade, porque a vida é tudo menos certa e controlável, ao contrário daquilo que a ansiedade, o stress e até a sociedade lhe vão tentando vender.

A somar a isto, a certeza é um entrave claro à mudança, evolução e crescimento. Se se está certo de tudo, para quê questionar? Repensar? Colocar em causa e mudar? Mantém-se a fórmula para sempre! É certamente mais confortável e seguro do que arriscar e dar um salto de fé em direção a algo que nunca explorou e não tem certeza se vai funcionar. Compreendo perfeitamente. Mas será que é isso que se pretende com a vida? Andar sempre com colete salva-vidas, esteja fora do mar, dentro do mar ou em mar-alto? Protegido e imune a qualquer adversidade?


Se a sua resposta é não, é porque é alguém que quer viver e não apenas sobreviver! Talvez seja momento de arriscar e, em vez de querer certezas, testar a sua tolerância à incerteza. Ir arriscando, muitas vezes sem saber se vai resultar ou não. Provando-se que é mais capaz do que julga e que se não correr bem, tem um bom desafio pessoal pela frente: o de se superar e reerguer. Vai ficar surpreendido com aquilo que as portas da incerteza lhe podem abrir.

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