O impacto da vinculação na idade adulta

Eu tinha dificuldade em confiar nas pessoas no início das relações. Aconteceram-me algumas coisas quando eu era jovem e tive algumas dificuldades em superar. No início da minha relação com o P. quando ele se separava de mim eu ficava sempre a pensar “O que é que ele estará a fazer; Com quem é que ele estará? Estará com outra rapariga? Será que me está a enganar?”. Carolina, 30 anos (nome fictício) Porque é que a Carolina se sente desta forma? As experiências emocionais ocorridas na relação com os pais, e muito particularmente na infância, contribuem decisivamente para a construção de modelos representacionais acerca de si próprio e do mundo, o que serve de bússola emocional em futuras relações de proximidade emocional, nomeadamente nos relacionamentos amorosos. Isto é, se a Carolina não teve pais disponíveis e próximos ou por outro lado se eram hiperprotetores e controladores, isso vai impactar a sua capacidade de estabelecer uma relação segura e de confiança na sua atual relação de namoro.

O impacto da vinculação na idade adulta

Mas afinal o que é a vinculação?
A vinculação é um dos sistemas comportamentais que assegura a sobrevivência e tem um grande impacto no nosso bem-estar, pois ter uma figura de vinculação disponível contribui para uma extensa rede de representações mentais positivas, o que tem um papel de relevo na manutenção da estabilidade emocional. Logo, as pessoas seguras conseguem avaliar os eventos ansiogénicos/ameaçadores de uma forma mais positiva e como tal, lidar com estes de forma mais construtiva e eficaz. Por outro lado, as inseguranças vinculativas de um dos elementos do casal contribuem para a insatisfação do parceiro com a relação e para o seu desgaste emocional.

A vinculação também acontece nos adultos?
Na idade adulta podemos estabelecer 4 tipos de vinculação:

  • Segura: representações positivas de si e dos outros, permitindo confiar e desenvolver laços
    afetivos com os outros.
  • Preocupada: representações negativas de si e positivas dos outros. As relações são
    caracterizadas por uma excessiva procura de proximidade, elevada necessidade de atenção, falta de autoestima e autoconfiança.
  • Desinvestida: representação positiva de si, contudo negativa do outro, o que leva a pouco
    envolvimento e proximidade emocional nas relações.
    -Amedrontada: representações negativas de si e dos outros. É um estilo habitual em indivíduos inseguros e vulneráveis, com vontade de proximidade, mas que evitam as relações mais próximas com medo da rejeição.
    Se se identifica com a história da Carolina, a ressignificação de experiências passadas poderá contribuir para estabelecimento de uma vinculação segura. Num espaço seguro e sem julgamentos como a consulta de psicoterapia poderá fazer esse trabalho de autoconhecimento.

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