Porque fugimos de nós mesmos?

Ao longo do nosso crescimento é comum ouvirmos frases deste género vindas dos adultos:
“Não precisas de estar triste/chorar”, “Não precisas de ter medo”. E com o tempo convencemo- nos que há emoções que não são precisas nem têm qualquer utilidade e que devemos rejeitar e esquecer. Convencemo-nos que há estados emocionais “certos” e “errados”, sentimentos que podemos sentir e outros que não devemos. Aprendemos a não sentir, a não estarmos verdadeiramente conectados. Aprendemos a desconectar e a fugir de nós mesmos.


Mas senão cultivamos um estado de consciência emocional empática e autocompassiva, como vamos aprender a gerir as emoções de forma adaptativa? Como promovemos o equilíbrio mental se renegamos a nossa condição humana?


O sofrimento é inevitável, todos conectamos com ele em alguma parte da nossa vida. No entanto, na sociedade ocidental, predomina a ideia de que conectarmos com o nosso sofrimento significa que somos fracos e que tal conexão nos levará à imergência de um estado mental mais agravado em que o sofrimento se vai apoderar de nós.

Todos os estados emocionais têm uma função no nosso equilíbrio mental e expressam uma
determinada necessidade. Todas as emoções são válidas e desempenham um importante papel.
Precisamos de saber ouvi-las, (re)conhecê-las, entendê-las… Elas manifestam-se no nosso
corpo, por isso é tão fundamental aprendermos a identificar os sinais que ele nos transmite para
atendermos às nossas necessidades.


A desconexão prolongada ao longo do tempo poderá ter efeitos demasiado nocivos para a nossa saúde mental.


Contudo, nas situações em que o sofrimento tem um elevado impacto no nosso bem-estar e interfere significativamente com a nossa qualidade de vida, devemos procurar apoio de um especialista em saúde mental para nos ajudar a ativar as estratégias internas promotoras de uma boa gestão emocional. Quando o sofrimento é intenso e prolongado, pode ser assustador estarmos sozinhos com ele, mas não devemos duvidar da nossa capacidade para o gerirmos.

Caro leitor, a minha proposta para os minutos que se seguem à leitura deste texto é que se permita estar consigo mesmo, permita-se simplesmente sentir. Deixe-se envolver pelas sensações do seu corpo e por aquilo que dizem as suas emoções. Escute-as. É aí que a magia acontece, o envolvimento íntimo com o nosso ser permite o apaziguar das nossas lutas internas, muitas delas travadas ao longo de uma vida.


O que está a sentir?

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