Será que vivemos numa ditadura da felicidade?

A cultura ocidental enaltece a felicidade contínua e constante como o objetivo que cada um de nós deve procurar nas suas vidas. A norma social de foco na felicidade e no prazer imediato parece patologizar os níveis normativos de emoções negativas, também elas essenciais para o funcionamento emocional, criando pressão para o evitamento da tristeza. Contudo, a ciência indica-nos que o foco neste objetivo nos está a tornar mais infelizes, visto que quando as pessoas pensam que a sociedade não aceita a tristeza ou que outras pessoas esperam que elas não experienciem ou expressem a sua tristeza, têm emoções mais negativas. As pressões sociais para se sentirem felizes fazem as pessoas sentirem que falharam quando se sentem tristes, o que, por sua vez, as faz sentir pior.

Como tal, aceitar estados emocionais desagradáveis é demonstrado como um importante caminho para reduzir perturbações psicológicas e melhorar o funcionamento emocional e psicológico. Uma parte importante de encontrar a felicidade é aceitar e processar todas as emoções, mesmo as negativas. Neste seguimento, quando aceitamos emoções – como o medo, a inveja, a tristeza ou a ansiedade – como naturais, somos mais propensos a superá-las. Depois, mais do que o foco na conquista constante da felicidade com pensamentos como “quero ser mais feliz” é importante usufruir do processo que contribui para essa felicidade, nomeadamente das ações que contribuem para o bem-estar priorizando o autocuidado.

O bem-estar é composto por várias dimensões como a espiritual (existência de propósito), a física (descanso, nutrição e exercício), a intelectual (necessidade de aprendizagem), a relacional (tempo de qualidade com quem gostamos) e a emocional (permitir-se a sentir as emoções), reflita sobre o equilíbrio e a presença das diferentes dimensões na sua vida e implemente ações que podem parecer pequenos ajustes mas que podem ter um grande impacto ao longo do tempo. O trabalho de psicoterapia pode ajudá-lo no processo de identificação, processamento e regulação emocional, bem como na valorização do seu bem-estar.

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